quinta-feira, julho 22, 2010

Ajuste o Passo

É dificil pensar no impensado. Prever o que será tendência num futuro não muito distante. Permanecer firme, ainda que os abalos sísmicos interiores façam cada centímetro corpóreo dançar, sem ritmo. Regido por uma melodia muda, oca e de péssimo gosto. Num figurino brega. É o mesmo que se sentir nu. Com "as vergonhas" à mostra para salientar todo o constrangimento.

Se fosse possível prever tudo quanto sucedera, jamais subiria no palco. Nunca ensaiaria uns passos. Tampouco convidaria outros para acompanhar-lhe. 

Rufam os tambores, com a mesma intesidade de balas disparadas, contra um alvo fácil. Vários calibres, atingindo-lhe em cheio e obrigando-lhe a sapatear, sobre um calçado sob uma placa de metal. Que forma o som estridente tocado pelo medo. De não se recordar da coreografia, lenta. Mórbida. Tosca. Desesperada.

Suor. Pudor. Rancor. Torpor. E tudo balança. E lançam-lhe uma lança. E você volta a arriscar alguns movimentos, vexaminosos. Vertiginosos. Lamuriosos. Tudo para tentar acertar, numa realidade que pisoteia o erro!

domingo, julho 18, 2010

É a Força que traz a Liberdade


É triste notar que as pessoas não se cansam de banalizar o amor. Em todas as esferas! Como feras, que só permanecem sossegadas até o momento de atacarem e ferirem a jugular de sua presa. Para muitos, esta é uma cadeia definitiva. Infinita. Pois, por mais que um dia seja possível esquecer o quanto doeu, a marca permanecerá ali, atormentadora.

Inconsequentes. Insapientes. Maldizentes. Tão mesquinhos! Tão sequinhos! Tão sugadores... De energias, desejos... Do próprio futuro. É roubo. Crime inafiançável... Afanar assim o tempo de outrem. Que acreditara. Gostara. Brigara. Para o ter do lado, como um cavalo na sela. E tudo o que conseguiu foi uma cela. Fria e suja. Triste e sombria. Nela há goteiras, rachaduras, muito concreto e aço. Para comprovar que é praticamente indestrutível e inesquecível todas as mágoas que desencadeou...

Talvez o erro tenha sido acreditar demais em quem nunca fora digno de crédito. Só tendo uma estaca fincada no peito para ter ceteza de que quem quer um mundo de sonhos constante, deve aceitar o fato de que terá de dormir para sempre! E, sinceramente, não se pode aproveitar a vida de "olhos fechados". Por entre os quais as lágrimas rolam, livres; completamente soltas... E se até elas tem "carta de alforria", não há motivos para que se permaneça encarcerado.

Para muitos, essa montanha de palavras não fará o menor sentido. Parecerá uma biblioteca, repleta de livros velhos e desgastados. Entretanto, por maior incoerência que haja; ainda que tudo pareça sentimentalismo barato, é possível crer, contra toda esta corrente pessimista, que nem tudo está perdido. Que as chaves para muitos cárceres fomos nós mesmos quem escondemos e a tarefa de reavê-las, portanto, é nossa! Procure. Lute. Liberte-se! Uma vez solto, é possível mostrar que a força é um atributo que foi desenvolvido. E, dotado dele, predador nenhum poderá voltar a atingi-lo...

sábado, julho 17, 2010

Quem Está no Centro, "Roda"


A frustração de boa parte do genêro humano reside no fato de o mesmo esperar muito do outro.

Gradativamente o homem se torna mais independente e, por conseguinte, individualista. O centro é si próprio. E, portanto, mesmo que conviva com outras pessoas, não existe a preocupação de demonstrar a importância das mesmas para o seu viver. E, de fato, para alguns o "próximo" não tem lá muita relevância mesmo. Mais valem os desejos, sonhos e projetos individuais.

Longe de ser um discussão científica e/ou intelectual. Isso aqui é só um desabafo. E é melhor que eu o faça agora, quando nada de muito grave aconteceu. Já passei por "maus bocados". Já tirei gente do poço que, ao sair, puxou-me para lá. Perdi a conta de quantas vezes já afastei as "pedras do caminho" para que meus "amigos" passassem e, ao fazê-lo, eles jogavam cascas de banana para que eu escorregasse. Eu me machuquei! Porém, sarou. Uma cicatriz aqui; uma outra manchinha ali, contudo tenho superado.

Meu erro, bem como o da maioria de minha espécie, é esperar que os "mais chegados" façam o que eu faria; ajam como eu agiria; doem-se como eu me doaria... E se dependesse da grande maioria, minha hemorragia  não passaria jamais. Arrisco a supor que alguns fariam questão de abrir um pouco mais a ferida...

A gente sara, todavia. Demora, entretanto acontece. Mesmo assim, não vou aprender! Continuarei crendo que, em meio a este rebanho faminto, haverá uns escassos personagens de bons coração. Que entendem que, para girar, o planeta precisa de vida. De boas vidas. Que confirmem que é a união e o coletivismo que fazem os ciclos valerem à pena.

quarta-feira, julho 14, 2010

D'esperto


Eu parei em frente ao espelho. Contemplei-me nos olhos; com determinação. Foi tão estranho! Enxerguei-me, em vez de apenas me ver. Surgira manchas que antes não existiam. Linhas de expressão inexpressivas. Embaixo dos olhos, bolsas acentuadas. Por quanto tempo eu viajara? Até onde fora? Para quê? Por quê? Por quem? Haveria retorno? Contorno? Fazia-se necessário me encontrar. E a estrada escura, perdida no ermo, tinha uma luz fraca. Melancólica e débil. Aqueles dois faróis estavam acesos, mas a bateria que os fazia luzir era fraca. Fachos oscilantes, porém consciensiosos eram somente o que vira. Vira. Ira. Fora. Ora. Por um período que jaz no pretérito. Imperfeito. Feito. Inacabado, contudo. Com tudo. Sonhos. Pães. Doces. Bolos. Bolôs. Pouco palatáveis, pelas agora abertas, "janelas da alma".

Estanque. Tanque. Guerra. Para quem cansou de errar. Para quem esta inapto a lutar. E teme o escuro...
Brilham, fracas chamas, como a brisa que passa sem destino. Por aquele que perdeu o tino. Porque esqueceu de separar momentos para observar(se). Contestar. Corrigir. Contrapor. Justapor. E justo agora, quando o azeite das lamaparinas secam, é que tudo fica claro. Em meio ao espaço cinza.

Sim! Eu me olhava. Com o semblante esperto, ainda que abatido. Por tanto ter apanhado numa luta muda. Com os olhos abertos, embora há muito fechados.

sábado, julho 10, 2010

PASSEIA-A


Comprida. Nem cem fitas métricas podem medi-la. Para atravessá-la, o ideal é ter tempo. Olhar para as duas partes. Tentar captar o mar de detalhes; de sons; de rostos e cheiros.

É predominantemente cinza, mas os passantes trazem cor. Diversão. Surpresa. Horror.

De baixo para cima. Em cima e embaixo. É tudo muito intenso. As retas. As curvas. Mais linhas. Azul. Amarela. Verde. Tudo muito veloz. Tudo parece sem voz. Passos apressados. Desconfiados. Curiosos... Tem o homem que dorme, sujo e despreocupado, no canto. Há o que se arrasta, como um cão, pelas pernas atrofiadas. Tudo muito comum. Há aquele que nem nota. Quantas notas movimenta. Quanto lucro por ele passa. Quanta gente que perde. Tantas outras acham. Feia. Bonita. Ícone. Sagaz. E ela não para. Para dentro. Para fora. Quem chega. Quem vai. Direita. Esquerda. Dois lados. Duas mãos. A que sobe. A que desce. A que entra. A que sai. Grotesco. Dantesco! Não faltam sugestões. Mas não importa o que digam. Tanto faz o que acham. Ela nunca para. Escura. Clara. À noite. De dia. Com chuva. Com sol... Com muita chuva. O burburinho. A fumaça. O aço. O asfalto. A torre, no alto. Nada a deixa dormir.

 Paraíso.

 Inferno.

 Liberdade. 

Confusão. 

Cada detalhe. Cada conversa. Desce. A pé. Consolação.

sexta-feira, julho 09, 2010

A Moeda Mágica



Andando pela rua, Ana Clara, uma criança de doze anos, mais baixa que a maioria das garotas de sua idade, viu algo brilhar na rua ladrilhada. Seus olhos, azuis como um céu sem nuvens, estreitou-se. Institivamente, a menina se abaixou e apanhou a elipse achatada que a convidava, reluzente. Ao tê-la nas mãos, Ana analisou-a. De ambos os lados. Era uma moeda nada comum...

Enquanto a observava, Clara sentiu algo insólito. A moeda, menor  e mais iluminada que as convencionais, vibrou. Assustada, a pré-adolescente soltou-a e o objeto tinlintou em atrito com os paralelepípedos. "Ai!", pensou Ana ter ouvido o lamento assim que o barulho da queda cessou. Curvou-se novamente - tanto para voltar a pegar a moeda, quanto para ter certeza de que ouvira, de fato, a reclamação.

__Isso não foi muito delicado de sua parte, linda menina! - Disse a moeda, gemendo! Ana Clara esbugalhou o olhar, incrédula. __Não tenha medo! - continuou a peça de metal - Sou uma moeda mágica. E você teve a honra de encontrar-me. Não está feliz? - A menina, ainda em estado de choque, não sabia o que responder. Após algum tempo, justificou:

__Desculpe-me, dona Moeda. É que me assustei quando a senti tremer. Não era minha intenção machucá-la. - Apanhou-a outra vez, ao terminar a frase.

__Não tem problema, você é a terceira pessoa que me encontra em mais de 5 séculos e, embora em épocas muito diferentes, todos reagiram da mesma forma. - A moeda explicou, enquanto sorria. Depois, acrescentou: __Também não é nada comum encontrar um "pedaço de níquel" falante.

__É, não mesmo! Com a senhora veio parar aqui? Perguntou a jovem, após ter concordado com a estrutura em sua palma.

__É uma longa história. Prefiro falar de sua sorte... Sabia que, a partir de agora, tornou-se a moça mais sortuda de sua era? - Questionou o dinheiro que parecia não ter o menor valor.

__ Sorte? Como assim? - Retrucou Ana.

A moeda secular explicou:

__Eu sou atemporal, minha querida! Comigo, pode ter o que quiser. É claro que me refiro às coisas materiais... Não há nada que eu não possa conceder. E modéstia à parte, sou melhor que qualquer Gênio da Lâmpada. Eles limitam suas concessões a três. As minhas são incontáveis. E então, o que vai querer?
__Que surpreedente! - Vibrou Clarinha. Deixe ver... - continuou, levando sua mão direita sob o queixo, apoiando seu dedo indicador na têmpora. Ah, já sei! - ela gritou, animada. Quero um sorvete de chocolate!

Atônita, a moeda que estava na mão esquerda de Ana Clara perguntou: 

__Acabo de dizer que pode ter tudo de melhor e mais extraordinário que quiser e você me pede um "sorvete de chocolate"?... - A estrtura metálica parecia zombar ao repetir as três últimas palavras.

__Sabe, dona Moeda, sou só uma menina. E amo a vida pacata que levo. Do que me adiantará ter tudo de mais magnífico do universo, se me faltarem as pequenas coisas? Eu acho que o mundo já tem gente poderosa demais... E pelo que vejo nas revistas, elas nem são tão felizes assim... Torram seus milhões em festas, mansões e carros, mas são incapazes de ajudar os moradores de rua. Não quero o poder para fazer parte deste grupo. Enquanto tem gente que procura nas cifras o caminho da felicidade, eu percebo que a felicidade é um caminho sem cifras. 


A moeda pareceu ofuscar-se em meio àquilo tudo. Ana Clara, por fim, inquiriu:

__O que foi? Não está preparada para conceder o simples pedido de uma pirralha?

A Moeda Mágica arrematou, num sussuro:

__Não estava. Onde é que fica a sorveteria mais próxima?


NOTA: Imagem retirada do deviantart.com

terça-feira, julho 06, 2010

O Mistério da Aurora (Parte III)


Lembro-me de ter sonhado... Fora um sonho lindo! Um garota, de cabelos pretos esvoaçantes e olhos cobreados, sorria para mim, enquanto me abraçava. Ela tinha um cheiro delicioso, algo que me fazia ter fome. Era tão bom! Só seu beijo não condizia com sua delicadeza e graciosidade. Era meio "melecado" demais. E seu hálito era quente como uma fornalha. Senti o estômago embrulhar, com vigor, e acordei, desorientado. Sentei-me em minha confortável cama - mais que o normal, vale lembrar. Olhei para baixo e Luque me olhava, com o rabo mais frenético que uma baqueta na mão de um habilidoso baterista. Tentei afastar o pensamento óbvio e foi como se meu cachorrinho branco com manchas pretas risse de mim - e para mim.

__Ah, não! Luque, por quê fez isso? Já cansei de lhe explicar que você não faz meu tipo! - Como se entendesse, ele deitou-se e escondeu a focinho entre as patas. Não pude conter uma risada. E suspirei! Quantos sonhos eu tivera... Deveria estar quase na hora banho e chegar atrasado ao trabalho era um luxo ao qual não poderia me dar.

Meu quarto estava escuro. Não deveriam ser mais de 5hs30 da manhã. Estiquei-me, relaxado. Como estava bom ali, sob os cobertores. Ops! Notei, de repente, algo incomum. Estava nu! Como era possível? Poderia jurar que dormira de cueca - box e branca. Pus-me de pé, rapidamente, e acendi a luz. Cocei a cabeça, aturdido... Meus little dogs também não tinham o costume de dormir comigo. "Meus" era demais! Porque Sol não estava ali.

__Luque, cadê sua irmanzinha? - Perguntei, desconfiado. Ele me conteplava com os olhos despreocupados, ainda com seu maxilar encostado no chão. Peguei meu hobby e o vesti com pressa. Sai do quarto. Minha mãe e meu irmão ainda dormiam. Fui à lavanderia. Vasculhei tudo. E nada! Sol sumira. Misteriosamente. Voltei ao meu quarto. Algo não estava certo...

Absorto em milhões de possibilidades, olhei para o lado e deparei-me com meu criado-mudo. O livro que pusera ali na noite passada fora substituído por um celular. Lembrava um iPhone, mas de alguma astro excêntrico de Hollywood. Era de um dourado ardente. Como se percebesse minha observação, o aparelho vibrou. Estranhei. Permaneci imóvel por alguns segundos e, em seguida, o peguei. Sua touch screen acusava a chegada de uma nova mensagem. Abri-a, cauteloso! O texto dizia: 

"Bom dia, meu caro Artur. Espero que tenha dormido como um anjo! Como disse ontem, sua vida agora será diferente. É bom que esteja preparado. Sua primeira missão é reencontrar o mendigo que viu no dia anterior. Adianto-lhe que não será tarefa fácil... Com ele estarão novas instruções a respeito de sua nova jornada. Lembre-se: 'nem tudo o que parece é'. Seja cauteloso e aja com prudência. Um abraço. Julius. P.S.: Não se preocupe com Sol! Ela gostou tanto de mim que tive de trazê-la comigo. Asseguro-lhe que ela nunca esteve tão bem..."

__Que bacana! - Eu disse depois de um tempo. - O cara, então, existe mesmo. E eu não sonhara coisíssima nenhuma... Ah, pai! Oque mais falta acontecer? - Questionei, olhando para o alto. Ainda segurava o celular e, por isso, analisei-o. Procurei pela logomarca da Apple, mas a única coisa que vi - e que lembrava o que procurava - era a mesma imagem em meu pulso esquerdo. "Maravilha!", conclui!

Joguei o aparelho sobre a cama e fui para o banheiro. Tomei um ligeiro banho e, mecanicamente, escolhi o que vestiria. Primeiro, claro, a cueca. Abri a gaveta em que as guardava e pimba! Ela reluziu... Minha primeira reação foi balançar a cabeça. Todas minhas estimadas cuequinhas tinham, agora, os elásticos em ouro. Seria impossível vestir aquilo. Incomodoria. Apertaria a cintura. Peguei uma aleatoriamente e, só para provar a mim mesmo que tinha razão, a vesti. Para minha surpresa, a parte dourada se modelava ao meu corpo. Andei. Abaixei. Pulei. Tudo para ter certeza de que não me machucaria e, de fato, isso aconteceu. Era como usar fraldas - desenhadas por estilistas renomados, mas, ainda assim, fraldas.

O resto foi tranquilo! Pus meu jeans surrado da Lee, um Converse branco e uma camiseta amarela; lisa. Peguei minha mochila Jansport da cor do tênis, a carteira e as chaves do carro. Comeria algo na rua.  Saindo do quarto, contudo, algo apitou estridente... Levei ambas as mãos aos ouvidos, para protegê-los. Era o "bendito" celular, berrando para não ficar sozinho. Encostei-me na cama e, com o ato, ele silenciou. Peguei-o e o enfiei no bolso. Sai do quarto, e tranquei a porta ao fazê-lo. Passsei apressado pelo corredor que dava à sala e saí pela área que me levava ao jardim, ao lado do qual ficava a garagem. Acionei o botão para desligar o alarme do carro, abri a porta e me sentei, jogando como de costume a mochila no banco de trás. Foi uma ação rápida, mas percebi que a bolsa não caiu. Virei o pescoço e... advinhem? O morador de rua do dia anterior segurava o eu acabara de jogar e me sorria, mostrando sua arcada incompleta!

CONTINUA...

segunda-feira, julho 05, 2010

O Garoto que Não Tinha Quem Amar


Pedro era um garotinho aquém de seu tempo. Antenado, gostava de saber das novidades tecnológicas e mundiais. Tudo o que era tendência o atraia. Cores, formas, psicodelia, artigos científicos, inovações... Ao longo de suas quase duas décadas de existência, havia se dedicado a muita coisa e, salvo raríssimas exceções (os dedos de uma de suas mãos seria suficiente para contá-las), tivera êxito em seus planos. Ele estava, nitidamente, fadado ao sucesso. "Futuro promissor o desse menino", era o que se ouvia com frequência. De amigos, familiares, professores e entusiastas. Não era necessário muito para perceber que, de algum modo, aquele era um rapaz diferente...

De um tempo pra cá, contudo, Pedro encontrava-se desconfortável. Algo o incomodava. Com afluência. Ele nunca se apaixonara. Seus sonhos e metas jamais permitiram a incursão de outra pessoa. E isso, agora, toranara-se um estorvo recorrente. Até suas habilidades foram comprometidas com o fato. O mais surpreendente era que, embora consigo mesmo - durante os momentos em que dialogava com o seu "eu" interior -, não aceitava a ocorrência. Para ele era menos penoso reprimir o embaraço. Sua vida era boa e tranquila. Consiguira, em pouco tempo, o que pessoas com o dobro de sua idade nunca conseguiriam. Não havia uma justificativa plausível para aquele vazio. Na verdade, "vazio" era uma palavra ridícula demais para seu curso cheio de conquistas e reconhecimentos. Ainda que não quisesse aceitar, todavia, sabia que algo lhe faltava... Um "detalhe" que faria toda a diferença, em sua vida nada convencional.

Aquilo era ridículo! Os artistas precisam de "musas inspiradoras"... Pedro não! Ele não cometeria o erro de se iludir. De tornar-se réu naquilo que os "piadistas" classificavam como "prisão". E se havia algo que ele apreciava em seu dias, isso se chamava "liberdade". O conflituoso, contudo, era que havia meses que não mais se sentia assim: livre. Sua sensação mais recorrente era a de estar sendo comprimido; num cubo que, gradativamente, fechava-se...

Pedro odiava admitir, porém estava descontente. Faltava-lhe algo importante, de que nunca sentira falta. Queria amar, entretanto não sabia quem, mesmo que não soubesse como. Nem por quê! No entanto sabia que era necessário... Não aguentava mais seus conflitos. Não queria mais conviver com toda aquela instabilidade. Sua rocha emocional, agora, era quase tão líquida como a água... E enrijecê-la novamente exigia um outro alguém.

Onde ela estaria? Com quem? Como seria? O que acharaia dele? Tantos passos a serem dados, entretanto não conseguia sair do lugar... Estudar grandes teóricos fazia-se tão menos complexo!

Seja lá como for, Pedro estava disposto a arriscar. Ainda não tinha uma figura específica, contudo encontraria, mais cedo ou mais tarde, quem amar e com ela aprenderia a fazê-lo.


Nota: A imagem foi retirada do site deviantart.com

sábado, julho 03, 2010

Você Pode Tudo (inclusive responder por suas ações)

NOTA: "O Mistério de Aurora" é ainda um trabalho em andamento. Em breve, mais uma parte da história.


Quebrar regras. Criar normas. Reinventar. Tudo para fugir da mesmice. Sair do lugar-comum. É bom contrariar. Por vezes, até necessário... Trata-se de uma maneira de "fugir" da rotina. 
Transviar. Sentir-se vivo. O que pode ou não é questão de ponto de vista. Na verdade, de escolha. Todos podem tudo! Desde que saibam que terão - e queiram - arcar com as consequências. Sequências. Eloquentes. Muito quentes. E independente da estação do ano ou do local no qual se esteja. Parece "filosofia barata", "mas o que tiver de ser, será". Por sua conta e risco. 

"A vida é curta!" Essa frase é mais clichê que esta última palavra. Ainda assim, um fato.  Portanto, dance! Como se a música tocada fosse a trilha de sua cômica vida. 

Coma! Como se fosse a última vez em que encherá a barriga...

Sorria! Pois dois passos adiante você poderá cair e ficar sem alguns de seus belos dentes...

Cante! Ainda que não saiba a letra e seja muito desafinado. Quem disse que você precisa ser um "American Idol"?

Beije! Na face, mão, pescoço e boca... Beije a si mesmo no espelho. Apaixone-se e demosntre amor. Por você. Pelos outros...

Estude! Seu futuro poderá depender desta ação. E não seja um CDF. A menos que você queira...

Torça! Pelo seu time favorito... E pouco importa se a "eliminação" chegar, tensa e zombeteira...

Sonhe! Dormindo, acordado; de pé ou sentado... Os sonhos costumam dar novo sentido aos dias.

Viva! Tudo o que puder. O máximo que conseguir. Com as mais belas e importantes pessoas que passarem por seu caminho. Afinal, você poderá não saber onde chegará, porém estará na estrada. E, certo ou errado , bem acompanhado.