domingo, setembro 05, 2010

Sonhos de hoje: desilusões de amanhã

Eu me lembro de um tempo no qual minha refeição preferida eram os sonhos. Na verdade, até hoje, nada me sacia tanto. É quase um banquete, mas ele nunca é suficiente para matar minha fome.

Eu tenho medo. Muito medo. Do que eu era; de quem me tornei; do que virei a ser. É muita fantasia escondida em um espaço corporal relativamente pequeno. Um bando de partículas que formam um todo disforme. Muita informação, que não conclui conteúdo nenhum.

Finjo-me de forte, quando não passo de um frangote com medo das armadilhas que a vida é capaz de propor. Temendo cavar buracos nos quais, posteriormente, eu mesmo me enterrarei. Um conjunto de fossas fundas e sujas, com muitos lados, uma só entrada e nenhuma saída.

Preocupo-me com o amanhã; arrependo-me do ontem; e acabo não vivendo o agora. Tanta energia gasta em projetos mal estruturados... Há sempre um fio que sobra ou uma lâmpada que não acende. E se não há luz, fica realmente difícil enxergar um palmo que seja em frente aos olhos. Dupla esta que quer ver além das montanhas, mas é embaçada pela chuva quente de emoções que transborda e faz a visão, saudável, parecer um super poder.

Não sei mais o que fazer ou o quê esperar. Já estraguei tanta coisa; já desfiz tantas fantasias para criar mais um armário repleto de outras, que jamais deixarão de ser, apenas, desejos distantes; vontades nunca satisfeitas... As aulas de canto, teatro dança e piano que me tornariam um astro mundialmente famoso... Os vários diplomas, que me fariam um diplomata rico e respeitado... As viagens a todos os continentes do mundo, nos quais eu aperfeiçoaria meu domínio de vários idiomas... E eu continuo aqui. Um pouco mais alto; relativamente mais escuro; insignificantemente mais gordo. Sem entender direito o sentido da vida; sem conclui minha missão; mais maltrapilho que um tecido do século passado... Inacababo. Assim como prognostica ser o futuro.

Créditos: Imagem retirada do site www.deviantart.com