domingo, março 20, 2011

Meu Circuito :.




Em órbita. Meu mundo está sempre assim. Ora mais rápido. Ora quase parando.  Pairando. Sobre sonhos que jamais perderão seu status.

Eu devaneio. Mais nas alturas que com o pé no chão. Que sempre se abre numa cratera feia e monstruosa, que deseja me abocanhar, faminta! É por isso que flutuo, nessa minha maneira torta de voar por lugares desconhecidos e entre pessoas que já não sei mais quais e quantas são. Tudo numa lógica insana, soprada por uma brisa sorrateira que, embora sutil, é constante.

Meu instante se resume a uma estante velha e fantasiosa, na qual acumulo historinhas chulas e insignificantes, que costumam ter o poder de me levar alto para reescrevê-las sob outra perspectiva. Tudo num espaço distante. Destoante. Ante a uma galáxia vasta e sustentadora de indivíduos solitários. E eu pressinto a falta de um tempo nunca vivido; de sentimentos jamais desabrochados.

Eu dou voltas. Em viagens só com idas. Numa trajetória solitária e flutuante, rumo a um universo finito e perfeitamente disforme, tal qual as coisas e a humanidade costumam ser, em essência.

NOTA: Imagem retirada de www.deviantart.com

quarta-feira, março 16, 2011

Há preços pelos quais não se podem pagar!



É mais ou menos assim: os valores que importam são, sempre, os financeiros. Danem-se seus talentos ou sonhos. Você precisa ser, apenas, uma máquina geradora de lucro. Empenhe-se, doe-se, aflija-se, desdobre-se, mas, no final da Via Crucis, dê resultados. Numéricos, factuais, monetários, vantajosos...

Perca-se num mundo de cifras que jamais serão suas; movimente-se entre notas fétidas que sugam suas energias, transformando-o num indivíduo divido. Absorto em sistemas precários que comprometem os relacionamentos – sustentáculos insubstituíveis a qualquer pessoa que se preze. Reze. E creia que há, mesmo em meio a este universo de intolerância, impessoalidade e inaptidão, um caminho apertadinho e difícil, através do qual se pode chegar a lugar próspero e agraciado, em que o único verde presente é sinônimo de vida e esperança, tais quais as gramas que brotam, preguiçosas e despreocupadas, do chão.

sexta-feira, março 11, 2011

Não há centro se não houver lados...

"A amizade e o amor estimam-se como dois irmãos que têm uma herança a partilhar. 
                                                                                                             (Axel Oxenstiern)
            







Nós, centrados em nós mesmos como somos, às vezes nos esquecemos de que, sem outros seres (talvez até mais humanos), nada seríamos.

Eu tenho aliados insubstituíveis. Talentosos e lindos. Pessoas que causam orgulho; o tipo de gente que queremos sempre por perto. Alguns são de fora ou encontram-se distantes como as estrelas... Mas há aqueles que são nossos, desde que existimos – ou desde que eles passaram a existir.

O papo a seguir pode parecer “rasgação de seda” de irmão mais velho, todavia a verdade é que eu, metido a “escritor” como sempre fui, jamais reuni palavras para evidenciar o que representa e o que sinto por aquela que é um pedaço de mim... Tá, eu admito: na verdade, ela é a parte boa, evoluída e linda de mim. Menina de fibra e coragem. Determinada como uma águia que, ao longe, enxerga seu alvo e sabe bem como irá alcançá-lo. Uma ave robusta, sisuda, forte... Mas, nem por isso, menos delicada ou encantadora. Mesmo com todas as pauladas que tomou; ainda que predadores tenham, impiedosamente, acertado sua pele, ela venceu. Regenerou-se... Aprendeu. E não se cansa de ensinar... À sua maneira; sem, na maioria das vezes, abrir a boca.

Ela é uma gigante em corpo de anã. Eleva-se às alturas mais inimagináveis para que, de lá, seja observada (embora este não seja seu real objetivo). Nasceu para ser admirada, mesmo com toda a simplicidade que lhe é inerente. Minha cúmplice; conselheira; mandona e autoritária... A vozinha rouca, o cabelo negro (agora levemente platinado, de modo a mostrar, metaforicamente, que as “luzes” a seguem, ainda que a imensidão seja negra e má), a pele delicada... Tudo. Cada detalhe. Cada qualidade. Todos os defeitos. Um esboço daquilo que seria a perfeição, caso essa dádiva fosse concebida aos homens.

Foi por isso que, pensando, resolvi “sair do centro”. Ocupar os lados mais frágeis e tentar, a todo custo, jamais deixar quem realmente importa “cair”. Vacilar até vale – uns chacoalhões, de vez em quando, lembram-nos que estamos vivos e que a ação de viver requer, sempre, uma companhia. E eu? Mesmo tentando servir, agradar, bajular, paparicar, apreciar e mais um monte de verbo de primeira conjugação, com a definição positiva, como os já citados, sou o que mais ganha com isso tudo. Afinal, mais que uma amiga, tenho uma irmã. E não há variável (controlável ou não) que possa mudar esse delicioso fato.

Eu te amo, Tá!