domingo, setembro 27, 2009

O Jantar Está Servido



"Indigestão é uma criação de Deus para impor uma certa moralidade ao estômago." (Vitor Hugo)


Não se iluda... Você jamais será bom o bastante. Bonito o suficiente. Inteligente na medida certa. Completamente feliz...

Sempre existirão problemas. Haverá, vez por outra, frustrações... Intrigas! Lamentações. Muita fofoca... Incompreensão. No entanto, acredite: cada um desses dissabores farão a vida mais gostosa. Temperarão momentos únicos. E o farão querer se fartar... Deliciar-se. Degustar. Desgostar. Cada condimento, à sua maneira, abre uma nova panela. Apresenta um novo cardápio. Põe a mesa... E, em meio a este banquete, você escolhe, como quiser, o que será sobremesa e o que se constituirá prato principal. Dite as regras - tal ação poderá evitar indigestões... Oriente os garçons. Escolha a decoração da mesa. Acenda as velas se preferir. Mas, acima de tudo, faça de cada refeição um apimentado pantagruélico. Afinal, essas comezainas não escolhem a mesa do rico ou pobre. Elas, simplesmente, a todos são impostas.

quarta-feira, setembro 16, 2009

Mudando de Planeta

"Nós não somos o que gostaríamos de ser.
Nós não somos o que ainda iremos ser.
Mas, graças a Deus,
Não somos mais quem nós éramos." (Martin Luther King)
Planeta Terra, setembro de 2009.


Neurose, eis a questão! Enxerga-se aquilo que não aconteceu; ouve-se o indizível; sente-se o “não sentir”... E esta angústia inquietante sufoca, comprime, aperta. Pois, agora, sinto-me obrigado a falar de um passado morto; de fatos outrora enterrados; da podridão que muitas de minhas ações desencadearam.
Eu sempre convivi muito bem com esse caldeirão borbulhante que é a vida. Para ser franco, ele sempre esteve ao fogo, ainda que brando. E o momento, o hoje para ser mais preciso, jogou lenha na fogueira. Elevou a temperatura e eu queimo. Ardo como uma assadura de terceiro grau. E para a mesma não há pomada que dê jeito; não existe refrescância que a suavize.
Sinto-me impelido, aqui, a rasgar o peito. A deixar que ele sangre com veemência como a cachoeira alta em queda livre. O vermelho que jorra é por cada amor não correspondido; por todos os xingamentos guardados; pelas incompreensões desprendidas. Essa camada espessa e rubi que escorre lentamente de mim e sobre mim é a maneira que meu corpo encontrou para protestar por todos os desafetos. Porque, vez por outra, não soube lidar com os defeitos alheios. E o coração transborda, de modo lento e doloroso. Neurótico! (Como o dono daquele que o abriga).
Os espectros que neste instante me infernizam, comprovam o tempo perdido com aspectos banais: roupas não compradas; passeios não realizados; bens nunca adquiridos. Tempo gasto, mal usufruído, que vejo chegar ao fim, evidenciando a voracidade daquilo que é efêmero. Mero!
O instante, em vista disso, transporta a dor, insatisfação e desgosto aos olhos que, tristonhos, resolvem “se lavar”. Muita água. Salgada, brilhante e, portanto, límpida. Elas são sinal de que me limpo das intransigências; das horas de agonia; das situações descontentes. As gotinhas torrenciais higienizam minh'alma. Aquietam aquele que sou e que, de algum modo, fez pessoas sofrerem – intencionalmente ou não.
Mais calmo, portanto (embora não menos reflexivo), esvazio-me de tudo o que é superficial. De cada minúcia supérflua – concreta ou abstrata -, que um dia enrigeceram as grades de minha fria e sombria prisão.
Vou-me embora, porém deixo o meu legado. Não o de tristeza ou de vazio, mas o de completa liberdade.
Com as asas completamente abertas,
Duílio Castro.

segunda-feira, setembro 14, 2009

A Um Certo Alguém...



“O homem é forte pela razão; a mulher invencível pela lágrima. A razão convence; a lágrima comove.” (Victor Hugo)


"Quando o coração sofre" é quando a alma aprende... Momento em que se cresce, pois cada lágrima pode ser revertida em hormônio. Desses que fazem a gente ficar "grandão"... Contudo isso não nos exime da dor. E, por mais latente que ela seja; por mais atroz que ela se apresente; por mais pessoal que ela se mostre (ninguém a sente como nós), queria poder estar aí agora para lhe dar um abraço. Silencioso. Mas apertado e longo... Assim como é a saudade que sinto e a distância que nos separa... Isso me faz evidenciar que "Quando o coração sofre" ele comprova que, verdadeiramente, está vivo. Portanto, deixe-o sangrar. E cicatrizar - ainda que com o sal das gotinhas que caem de seus lindos, embora hoje tristes, olhos. Porque as marcas profundas que nele ficarão deixarão claro que, em momento algum, você teve medo de AMAR.

NOTA: Imagem retirada do www.deviantart.com 

Mais que vê, eu exerguei...




"Nada é mais simples do que a nobreza; na verdade, ser simples é ser nobre." (Ralph Waldo Emerson)





Eu vi um morador de rua. Ele era aparentemente comum. Sujo. Descabelado. Desesperado... Não por comida. Não por uma roupa limpa e quente. Não por um banho... Sabe-se lá porque, sua gana era pelas palavras.
Em suas mãos mal tratadas, uma caneta velha e sem tampa. No colo, um jornal desgastado. E o pobre homem, onde encontrava um espaço, punha-se a escrever. Compulsiva e ininterruptamente. Era como se, preenchendo aqueles espaços, seu vazio interno pudesse ter um fim.
A cena era quase que irreal. Sentado num ponto de ônibus, aquele ser de aparência abandonada tinha brilho nos olhos. Eles eram vivos. Desesperados.
O indivíduo não se cansava de redigir. Parecia desesperado e voraz. Independia do sentido. Não importava a direção! Vertical ou horizontalmente, ele despejava suas palavras. Derramava-as para encher-se. Era uma composição silenciosa, embora o burburinho infindável da cidade não cessasse. Era como se o mundo houvera parado e tudo o que eu consegui fazer era observá-lo. Impressionado! Intrigado. Descrente... E então notei, mais uma vez, que a realidade pode ser dura como o ferro fundido. Pode, com vigor, comprometer meus sonhos, embora àqueles que a compõem jamais deixem de sonhar.
Mais do um morador de rua, eu vi um homem. Grande e nobre. E isso me inquietou...

NOTA: Imagem retirada do www.deviantart.com 

quinta-feira, setembro 10, 2009

A Sátira de Propagar(me)





"Amplie. Questione. Atulaize. Seu conhecimento." (Texto Publicitário para campanha do Jornal O Estado de São Paulo)






Outro dia estava pensando - quando eu quero eu consigo! - e notei que para um determinado produto há inúmeras variações. Por exemplo, para o detergente em pó, podemos ter: Multiação, Toque de Comfort, Classic Toque de Comfort, Aloe Vera, Toque de Comfort Lilás, Baby Progress Total, Multiação Active Clean, Progress - isso tudo só pra uma marca. Perguntei-me: "é a ação do sabão que melhora ou a sujeira que evolui?" E eles ainda arrematam afirmando: Porque se sujar faz bem. (Só se for para o cofre da Unilever, que não para de crescer).Cremes dentais. Total 12, Max Fresh, MaxWhite, Máxima Proteção Anticáries, Herbal, Bicarbonato de Sódio, Ultra Branco, Tripla Ação. Notei tanta "multiplicidade", que me assustei. Seria por não usar todas estas pastas que apareceram os banguelas, as dentaduras e, por conseguinte, o Corega Tabs?Refrigerantes: cola, laranja, uva, maçã, abacaxi, tuti-fruti, limão guraná... Na Índia - are baba - até de xixi de vaca já tem (pasmem!) - Eles que não me venham querer encontrar reaproveitamento em sêmem de cavalo.E os preservativos? Misericórdia! Tem com sabores diversos - praticamente os mesmos dos refrigerantes - por isso minha preocupação com as "produções equinas" - e os que se adaptam ao tamanho e espessura peniana. É mole? Não! Para usar, só estando duro mesmo (lá vem os cavalos de novo).Esponja de aço. Com o crescimento da concorrência, a marca "n° 1" - desculpem a alusão à cerveja - resolveu reafirmar as 1001 Utilidades. Partindo deste pressuposto, hoje não acho tão "de pobre" assim usar o produto como "melhorador do sinal" na antena da TV - reparem: já encontrei duas grandes funções para a palha de aço (lavar louças e manter a imagem televisiva "limpinha"). Só faltam 999.Analisando todos estes fatores - não quero mais me estender nem tornar o texto mais penoso do que já está - pergunto-me: "Será melhor prosseguir cursando Propaganda, ou passar a investir no humor? Já sei qual é a resposta: NDA (nenhuma das alternativas anteriores).
PROTESTOS: Se o "Casseta e Planeta" pode fazer "humor" eu também posso!

Se peças como as da Dolly podem ser veiculadas, por quê não as minhas?


 NOTA: Imagem retirada do www.deviantart.com

terça-feira, setembro 08, 2009

É cinza. É frio. É chuva...



"A nossa atmosfera estava carregada de tempestade,

A nossa própria natureza nublava-se,

Pois não tinhamos encontrado caminho algum..." (Nietzsche)


Elas caem do céu e, em contato com a possa, respingam em forma de disformes coroas... Dia chuvoso. Pesadamente cinza. Como se um canhão blindado flutuasse, de modo vacilante, sobre minha cabeça.
O hoje está triste e resolveu deixar suas espessas e intermináveis lágrimas caírem em mim. Está tão melancólico que se apresenta como a noite, sombria e fria. Iluminada, somente, pelas fraquejantes lâmpadas alaranjadas. Fachos inconstantes e oscilantes. Irônicos. Hesitantemente hostis.
E tudo coopera para o despertar do sonolento saudosismo. Ele tem sono pesado, mas este despertador trovejante é alto o bastante para colocá-lo de pé. Então, ele acorda... Devagarzinho. Despreguiçando-se e ocupando tanto o espaço, a ponto de deixá-lo sem ar. Respirar fica difícil. E esse mergulho intenso nas lembranças requer, vez por outra, a volta à superfície. Exige oxigênio. Se assim não for, sufocarei. Procurarei as moléculas, mas elas faltarão.
Dói, eu sei... Machuca, deixando evidente que é impossível não resgatar memórias. Não as trazer à tona... E aquele cheirinho de infância domina o nariz... Os amiguinhos da escola voltam a gritar, sorrir e convidar-me para brincarmos, despreocupados, pelo parquinho. E eu me jogo. Brado! E comprovo o quão importantes foram. Quão amáveis se tornaram... Uma época em que a inocência ditava as regras e nos faziam livres de qualquer norma que não fosse viver. De verdade. Sem a menor preocupação com o tempo; com o clima; com as estações. Tudo era de mentirinha. Essa era a mais pura verdade. Entretanto eu a perdera. Tornou-se abstrata. Distante demais. Imperceptível e indecifrável. Escoou pela calha desgastada pelo vento e a força das tempestades. Como a que agora cai e teima em perturbar. Molhar. Desencadear resfriados. E aqui minhas narinas tremem num abre e fecha descompassado. Irritam os olhos que, fracos, denunciam o estrago que o temporal é capaz de causar. Um suco brilhante se forma. Em tal grau obeso que se assemelha a límpidos cristais, só que na forma líquida. Ele se derrama em sinal de protesto e, com ímpeto, rola face abaixo até despontar no queixo fraquejante e furtivo.
Um raio.
Um estrondo!
Um silêncio cortante...
Sinto um arrepio. Suspiro. “Que dia frio!” Quanta inquietação! Estou cheio. Como os riachos e lagos que, pelo excesso das águas pluviais, transbordam. Derramam... Justificando o ensinamento tempestivo do filósofo grego, Epicuro, que afirmara que “os grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e tempestades.” No entanto eu só um mero marinheiro de primeira viagem...

NOTA: Imagem retirada do www.deviantart.com 

sexta-feira, setembro 04, 2009

Quase no Rol da Fama

"Não se conquista a fama deitado sobre leves plumas." (Dante Alighieri)

Eu tenho alma de artista, sabe? Isso independe de talento. Acho que um dia serei famoso e reconhecido, e até que os holofotes hollywoodianos me alcancem, vou treinando... Já concedi entrevistas, em meus devaneios, a inúmeros apresentadores, dentre os quais se destacam Jô Soares, Marília Gabriela e Fernanda Young.
Sempre gostei das chamadas “rapidinhas” – e não tem nada de sexual nesta conotação, seu leitor pervertido! Abaixo, portanto e a despeito de qualquer baixaria, transcreverei uma na íntegra!

Nome: Duílio Castro (mas, se pudesse escolher, não seria este).
Idade: Mais do que gostaria e menos do que aparento (a mental segue a mesma linha).
Naturalidade: Baiano (sem zoeira).
Profissão: Estudante Desempregado (acabei de criar esta nova categoria).
Signo: Aquário (com um montão de peixinhos, algas e cavalos-marinhos).
“Hobby”: Willians (brincadeira! Os mesmos de um cara desocupado e sem noção: masturbação).
Prato preferido: Um bem grande e fundo, que é pra caber uma montanha de comida (na boca de um artista a falta de educação soa tão agradável e sutilmente despojada - o que ainda não é o meu caso).
Um lugar: Ao sol (o que é bem difícil numa cidade como a de São Paulo).
Um Perfume: Hugo Boss – tá! Mal tenho grana para o desodorante roll-on.
Uma mulher: Maria (né a figura bíblica não. É qualquer uma que soa pra viver e manter a família viva em meio a esta selva de pedras – copiei isso de Milton Nascimento).
Um homem: Papai Noel (este, pelo menos, dá presente. “Ho-ho-ho”).
Um filme: Pornô (são os mais verdadeiros. A galera não tem de fingir ser o que não é e fazer o que não gosta).
Um cantor: Latino (gênio das letras – “... vai rolar bunda lê-lê...”!).
Uma cantora: De funk (canta muito!).
Ator: José Sarney (já viu a cena em que ele diz não saber o que é um Ato Secreto? O cara arrasa.).
Atriz: Rita Cadillac (essa sim gosta e sabe aproveitar bem um longa).
Uma personalidade: Um big brother – eles afirmam tanto que tem uma, que acabo acreditando.).
Uma música: “Segura o Tchan”.
Um país: O Iraque – meu sonho é conhecer o Osama Bin Laden, já que Yasser Arafat já bateu as botas.
Um sonho: Bom... Além de conhecer o terrorista já citado, quero muito ser o maior publicitário do Brasil. Como esse pedido é muito difícil de ser realizado, conhecer Ibiza e poder andar pelado por lá já tá bom. Agora, se este sonho também for impossível, candidato-me para Presidente do Brasil.

NOTA: Imagem retirada do www.deviantart.com 

quarta-feira, setembro 02, 2009

Aprendi que é Necessário Apreender


Aprendi que, na maioria das vezes, é preciso ficar quieto, quando a vontade mais intensa é a de gritar.
Entendi que, embora as pessoas sorriam, não significa que sejam simpáticas. Elas olham, mas não vêem; tocam, porém não sentem; elogiam, entretanto o enxergam como um ser “diferente”.
Estanco; me espanco; espanto! Martirizo-me por detalhes que, definitivamente, não valem à pena. Procuro agitar, incitar, contagiar. Perda de tempo? Mero intento? Desalento!...
Eu tenho sonhos. Não os tenho mais... Eles me projetam rumo ao futuro; os invejosos me querem lá atrás.
Madrugada e minha companhia é a insônia. Perturbadora, desencadeia medos, ansiedades, receios... Tento conclamar silêncio em mim, mas o que evoco – sem saber por quais vias – são murmúrios, lamentos, agitações. Penhasco! Lançar-me-ei perfidamente ou permanecerei determinado, construindo a ponte?
Uma palavra? “Paradoxal”: ave sem penas, flor sem cheiro, sol sem brilho, carro sem freio... Bravo: sem o menor talento para o brado!
Descomunal, atemporal, insosso, desfeito, defeito... Efeito. Contrário, retrógado, disforme... Forme. Fome... Mordi, mastiguei, triturei, engoli. Sapos. Desaforos. Sandices. Acusações.
Pensei, recapitulei, devaneei... Dormi!
... Silêncio! ...


NOTA: Imagem retirada do www.deviantart.com 

terça-feira, setembro 01, 2009

Disserto, De Certo

"Escrever é procurar entender, é procurar reproduzir o irreproduzível, é sentir até o último fim o sentimento que permaneceria apenas vago e sufocador. Escrever é também abençoar uma vida que não foi abençoada." (Clarice Lispector)


Interessante é a atividade de dissertar . Tanto para quem faz quanto àqueles que apreciam, afinal não há quem não queira ser notado. Trata-se de uma necessidade. Necedade. E em meio a esta ignorância crassa, eu me encontro. E disserto. De certo. Embora nem sempre dê certo... Pois a sandice atropela a razão. Sufoca o pensamento. Impede e impele a ação. De ser feliz. De fazer-se contente. De realizar-se... Em meio aos sonhos obscuros e disformes, que se tornam tangíveis quando a caneta encontra a frágil folha papel e a obriga a conter os devaneios. A aturar a estupidez. Que a entope de fragmentos sutilmente lúdicos, mas profundamente abstratos. De certo. As palavras dizem e correm como o garoto imprudente que xingou seu inimigo e teme ser pego. Discorrem... Como a água corrente da impetuosa cachoeira. Enxurrada de beleza, imprudência, barulho e emoção. Disserto... Com a alma, mesmo em meio à incoerência. Com vontade e gana que, sempre, dê certo. De certo...