quinta-feira, junho 03, 2010

Imper(hiper)ativo



Em câmera lenta. É assim que a gente costuma se sentir depois de horas a fio trabalhando. Após ter dedicado tempo e energia excessivos num projeto. Ao término do intento, é como se a vida passasse a discorrer mais de - va - gar! Sem nenhuma pressa ou ansiedade. Porque o seu corpo e mente pedem descanso. Não só para que se consiga relaxar, mas para que seja possível refletir a respeito de tudo quanto foi feito... Detalhes. Caretas. Medos. Risos. Silêncio.

É um corre-corre daqui; uma agitação de acolá. Senta. Levanta. Dorme pouco. Fica acordado até tarde. Passos largos. Mãos furiosas. Assim fica melhor. Aquela cor é mais agradável. A ideia não atende às nossas necessidades. Néscios. Idades.

Faça. Venda. Divulgue. Supere-se. Mostre. Impacte. Inove. Mude. Cuide. Veja. Reveja. Ouse. Ore. Creia. Faça crer. Comova. Surpeenda (se)... E não dá para ficar parado. Há muitos detalhes com os quais se preocupar. Há muitas minúcias que merecem atenção. Os textos precisam ser revisados. Os conceitos, revistos.

O prazo está prestes a expirar. A gente nem lembra de inspirar. Esquece-se de respirar. E apenas faz - ou tenta fazer. Acontecer. Num meio onde pouco importa o quê ou como se pensa. Onde suas propostas geralmente são rejeitadas. Para maior sinceridade, elas nem são lidas. Mas, ainda assim, avaliadas.

E então, quando as coisas se acalmam; quando sobram alguns valiosos segundos, a gente pode refletir. Não como agente. Mas como seres humanos. Que se tornaram hiperativos por conta do selva de imperativos. Que nos cutucam. Nos pirraçam. Nos podam. Cortam-nos pela raiz. Tudo para que geremos não o nosso, mas o fruto que eles almejam. No período e da meneira que esperam.

E se pode perceber, por fim, que tudo o que não se pode fazer é ficar parado. Mas decidir como e por que quer se movimentar. Idependemente do que seja imposto. Sem que se importe com o ritmo.

4 comentários:

  1. Você mostrou como nosso dia a dia é corrido, mal temos tempo para repirar e ver direito o acontece ao nosso redor são tantas coisas e detalhes como você disse, que quando chega no fim de dia a única coisa que conseguimos fazer é deitar e durmir. E no outra dia tudo de novo por casa dessa pressão do mundo tão grande em cima de nós.

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  2. Nossa ,retratastes perfeitamente em palavras o cansaço , a falta de alguma coisa , amei o texto *-* Vida gira , e não pára , roda roda e nós vamos junto à ela . amei. beijos

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  3. O que nos consola, Lua, é que os amigos e família tornam esse "mundo sobre os ombros" um pouco mais fácil de ser carregado.

    PAZ!

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  4. Obrigado pelas palavras generosas, Felicidade. Sintam-se à vontade para voltar mais vezes...

    PAZ!

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