sexta-feira, junho 25, 2010

O Mistério da Aurora

Eu estava exausto. O dia todo fora estranho. Acontecimentos e situações inusitadas. Bizarras em algumas circunstâncias, até - o morador de rua que me chamou pelo nome ao pedir uma esmola! Eu concluira, depois de tudo, que daria um tempo com livros e outras obras de ficção. Estava na hora de uma dose dupla de realidade... Esta seria a minha mais prudente escolha.

Cheguei em casa, exausto. Com espasmos pelo corpo, embora estivesse quente. Joguei a mochila na cama e, despindo-me às pressas, dirigi-me ao banheiro. Um bom e demorado banho me faria bem. Ajustei a chave da ducha para o modo "morno" e, lentamente, me lavei. Usei tudo o que tinha direito. De sabonete a sais de banho. Sentia-me, desconfortavelmente, sujo. E eu sabia que, para algumas impurezas, não há água ou espuma suficientes. Depois dos longos minutos ininterruptos, puxei minha macia toalha e me pus a secar. Meus músculos me irritavam. Eu me encontrava vermelho em determinadas regiões do corpo. Cogitei a possibilidade de as manchas serem resultado dos esfregões intermináveis. Depois de um longo suspiro, encaminhei-me de volta ao quarto. Ele tinha um cheiro que me fazia espirrar. Insistentemente. Fechei a persiana, após me certificar de ter fechado os vidros. Peguei minha cueca branca, para não perder o costume - algo que se tornara mania com o passar dos anos. Estava faminto, mas o que queria, mesmo, era dormir. Arrepiei-me! Um misto de prazer e medo. "Mas que droga de dia fora este?" (Pensei comigo mesmo). Separei meus cobertores. Estendi cada um de maneira metódica, e me aninhei embaixo deles, apagando o interruptor acima de minha cabeceira e acendendo, de pronto, o abajour no canto direito, sobre o criado mudo judiado pelo tempo. Nele estava o livro que relia, após anos: "Se Houver Amanhã", do aclamado (e brega) Sidney Sheldon. Ao abri-lo, lembrei-me da promessa de mais cedo: "leitura só depois de algum tempo". Seria importante para que eu conseguisse colocar as ideias em ordem. Fechei os olhos, crente que a inconsciência chegaria sem muitos esforços. Doce ilusão! Passara-se mais de 40 minutos e eu olhava, aturdido, o teto branco que ameaçava se lançar sobre mim. "Mais fantasias!", concluí. Levantei-me. Todos dormiam. Resolvi ir até à lavanderia, verificar se meus cachorros estavam bem. Aproveitaria a chance e contemplaria o céu, adornado por poucas estrelas e uma misteriosa lua minguante. Abri a porta de modo a não fazer barulho e pude ter certeza de que, nesse momento, algo veloz e quase imperceptível  paasou  por mim. Outro arrepio. Agora na região espinal. Não pude reprimir a risada. Luque e Sol dormiam, até meu terceiro passo. Foi aí que tudo aconteceu! Uma coruja piou (em plena cidade grande), e os dois inofensivos filhotes avançaram, mordazes, sobre mim!

CONTINUA...

4 comentários:

  1. Que delícia!!
    Voltarei pra ver a continuação.
    =D

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  2. Eu não sei onde isso vai chegar, mas quero saber o destino...

    PAZ!

    =)

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  3. Oii

    Nossa intrigante o seu texto.
    Adoorei.
    não vejo a hora de ver a continuação.

    beijos e bom domingo!

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  4. É bom ler isso...

    Tentarei postar, ainda hoje, a segunda parte.

    O beijo.

    PAZ!

    =)

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