segunda-feira, julho 05, 2010

O Garoto que Não Tinha Quem Amar


Pedro era um garotinho aquém de seu tempo. Antenado, gostava de saber das novidades tecnológicas e mundiais. Tudo o que era tendência o atraia. Cores, formas, psicodelia, artigos científicos, inovações... Ao longo de suas quase duas décadas de existência, havia se dedicado a muita coisa e, salvo raríssimas exceções (os dedos de uma de suas mãos seria suficiente para contá-las), tivera êxito em seus planos. Ele estava, nitidamente, fadado ao sucesso. "Futuro promissor o desse menino", era o que se ouvia com frequência. De amigos, familiares, professores e entusiastas. Não era necessário muito para perceber que, de algum modo, aquele era um rapaz diferente...

De um tempo pra cá, contudo, Pedro encontrava-se desconfortável. Algo o incomodava. Com afluência. Ele nunca se apaixonara. Seus sonhos e metas jamais permitiram a incursão de outra pessoa. E isso, agora, toranara-se um estorvo recorrente. Até suas habilidades foram comprometidas com o fato. O mais surpreendente era que, embora consigo mesmo - durante os momentos em que dialogava com o seu "eu" interior -, não aceitava a ocorrência. Para ele era menos penoso reprimir o embaraço. Sua vida era boa e tranquila. Consiguira, em pouco tempo, o que pessoas com o dobro de sua idade nunca conseguiriam. Não havia uma justificativa plausível para aquele vazio. Na verdade, "vazio" era uma palavra ridícula demais para seu curso cheio de conquistas e reconhecimentos. Ainda que não quisesse aceitar, todavia, sabia que algo lhe faltava... Um "detalhe" que faria toda a diferença, em sua vida nada convencional.

Aquilo era ridículo! Os artistas precisam de "musas inspiradoras"... Pedro não! Ele não cometeria o erro de se iludir. De tornar-se réu naquilo que os "piadistas" classificavam como "prisão". E se havia algo que ele apreciava em seu dias, isso se chamava "liberdade". O conflituoso, contudo, era que havia meses que não mais se sentia assim: livre. Sua sensação mais recorrente era a de estar sendo comprimido; num cubo que, gradativamente, fechava-se...

Pedro odiava admitir, porém estava descontente. Faltava-lhe algo importante, de que nunca sentira falta. Queria amar, entretanto não sabia quem, mesmo que não soubesse como. Nem por quê! No entanto sabia que era necessário... Não aguentava mais seus conflitos. Não queria mais conviver com toda aquela instabilidade. Sua rocha emocional, agora, era quase tão líquida como a água... E enrijecê-la novamente exigia um outro alguém.

Onde ela estaria? Com quem? Como seria? O que acharaia dele? Tantos passos a serem dados, entretanto não conseguia sair do lugar... Estudar grandes teóricos fazia-se tão menos complexo!

Seja lá como for, Pedro estava disposto a arriscar. Ainda não tinha uma figura específica, contudo encontraria, mais cedo ou mais tarde, quem amar e com ela aprenderia a fazê-lo.


Nota: A imagem foi retirada do site deviantart.com

8 comentários:

  1. Se joga, Pedrão.
    Li esse, Duda...
    Tõ me preparando pra ler as AURORAS lá. rs

    Te amo, saudade!

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  2. Valeu pela visita, meu amigo!

    É sempre uma alegria vê-lo por aqui... E melhor: saber que leu.

    Amo-te.

    PAZ!

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  3. Pedro é um garoto que, de certo, quando cansar de procurar as respostas, vai te-las bem ao seu encontro! Em um único e incrível instante!

    Torço pelo garotinho! =)

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  4. Pedro seria tão feliz quanto eu se te conhecesse, caro Thiago!

    Obrigado pela visita.

    PAZ!

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  5. Que texto lindo! Lembra-me um conto, gênero este que me atrai bastante. Muito bom mesmo!

    PARABÉNS...

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  6. Obrigado, Diogo!

    Adianto-lhe que não se trata de nada muito elaborado... Um pequeno nó na garganta que, insistente, gritava para ser desfeito.

    Sempre quiser, volte!

    Forte abraço.

    PAZ!

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  7. oii

    nossa rsrsrs ficou muitooo bom.

    beijos

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  8. Obrigado, Lua!

    Nada muito elaborado... Um desabafo "disfarçado", apenas!

    PAZ!

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